Cheio de vazios
Sou um ser de lacunas.
E preservo várias.
Às vezes tudo que resta é o que me falta.
Por opção
Faz falta quem faz bem
Faz bem fazer falta.
Nem sempre a lente da objetividade mostra algo verdadeiro. Às vezes até nós somos ilusão.
Todo risco é voz.
Buraco raso
Há vazios impossíveis de serem totalmente preenchidos. Tenho vazios com a profundidade de um poço sem fim e outros tão rasos quanto um papel, mas que mesmo assim, nada consegue ocupar por inteiro. Alguns vazios insistem em existir.
Máscara
A pandemia mostrou como é perigoso estar em sociedade desprotegido. Percebi que nunca estive realmente protegido dos incidentes do contato social. Quando tudo isso acabar, as máscaras serão outras, muito mais sufocantes, entretanto, criadas por mim. Optar por andar sem máscara sempre foi arriscado. Talvez eu continue em quarentena até achar a proteção certa. Amém.
Remetente não encontrado
Olhar pra si tem seus percalços. Há momentos em que precisa-se engolir sapos, deixar alguém insatisfeito ou até ser visto como “algo que não somos” para exercer o livre oficio do “ser”. A tão desejada “imaculada fidelidade” aos nossos princípios nunca existirá. Seremos sempre fruto da média de boas e más ações, esta, mora em nossa consciência e só nós podemos acessá-la. Todo o resto, é julgamento vindo de outras consciências. O único caminho que vejo, em minha logística utópica, é que precisamos institucionalizar o autocuidado e a empatia, cada um com estrutura e profissionais qualificados. Esse texto não tem a intenção de explicar nada, mas sim, abrir os horizontes para a autoconsciência e o cuidado mutuo. Acima de tudo, o auto cuidado.
Psicologia infantil
Lembro de minhas professoras do primário falando sobre suas desilusões amorosas, problemas em casa e exemplificando modos não seguros de educar. Eu sempre me perguntava o porquê esse tipo de coisa estar presente nas aulas e não cair nas provas. Minha escuta já era explorada no primário e eu nem sabia.
Partido Coração
Se não fosse o machismo, minha mãe teria sido presidente.
Scroll na vida
Tenho visto o tédio como um elemento fundamental e necessário. Tédio é tempo de busca, interna. A solidão não pode estar no lugar de deserto, de ausência. O tédio solitário é cuidado e atenção consigo, contrução e trabalho de concentração. Fugir do tédio e solidão é uma ação vã e desconexa do sentido de crescimento pessoal. A rolagem de Instagram ocupa esse espaço.